A preocupação com os possíveis impactos da pecuária tem levado consumidores e investidores de todo o planeta a buscarem informações transparentes sobre a origem da carne que consomem. Essa realidade tem estimulado a indústria frigorífica, que é o elo de ligação entre os produtores rurais e o restante da cadeia, a adotar processos de melhoria contínua em sua rastreabilidade e na comunicação das informações sobre sua produção.
Para Francisco Beduschi Neto, líder da National Wildlife Federal (NWF) no Brasil, a melhoria continua na transparência de informações e no processo de rastreabilidade é essencial para a indústria, pois ambos fazem parte da imagem da empresa, que é fundamental para comercialização de seus produtos. “É um grande risco para os negócios ser considerado uma indústria que não faz seu papel pelo meio ambiente, de forma alguma as empresas querem estar vinculadas à qualquer questão ligada à degradação ambiental”, explica Beduschi.
A cadeia pecuária já fornece dados socioambientais sobre os fornecedores diretos dos frigoríficos. Isso acontece, principalmente, em regiões onde este tipo de informação é mais sensível do ponto de vista do consumidor, como por exemplo em estados da Amazônia.
Entretanto, Beduschi avalia que existe ainda uma lacuna em relação aos dados dos fornecedores indiretos dos frigoríficos, ou seja, aqueles que atuam nas primeiras fases de crescimento animal, transferindo-os posteriormente para as fazendas dos fornecedores diretos.
“Para enfrentar esse desafio, é necessário trabalhar um conjunto de fatores, começando pela conscientização dos atores envolvidos alinhar recursos tecnológicos para expandir a rastreabilidade, e ampliar a transparência de dados”, explica.
Nesse sentido, o Brasil tem avançado na integração entre recursos tecnológicos e transparência de dados, por meio de análises de imagens espaciais e na capacidade de cruzamento de diferentes bases de dados públicas.
Soluções para uma resposta imediata das fazendas
Atualmente, há a tecnologia block chain, que garante que a informação chegue de forma fidedigna até o consumidor. “Temos visto que a rastreabilidade por lote, ainda que tenha limitações técnicas, pode ajudar muito a pecuária nacional a dar uma resposta imediata”, destaca Katiuscia Moreira, especialista em Sistemas de Informação Geográfica (SIG) e Monitoramento e Líder Técnica da NWF no Brasil.
Em sua avaliação, o Guia de Trânsito Animal (GTA) é o instrumento que traz a melhor relação custo-benefício-prazo de resposta para que a cadeia possa começar a reportar seus progressos. “Tudo isso pode ser feito respeitando a legislação nacional, inclusive a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Com essa informação já somos capazes, por exemplo, de melhorar a resposta sobre a relação entre pecuária na Amazônia e o desmatamento apontado pelo Prodes, passando de 39% para mais de 80% de eficiência”, explica.
Uma ferramenta que auxilia nessa questão é o Visipec, que foi desenvolvido como solução para que a indústria brasileira pudesse atender à demanda por transparência do mercado. Criada para auxiliar os frigoríficos no monitoramento de fornecedores indiretos, a ferramenta indica onde as empresas precisam focar esforços para apoiar seus fornecedores e atender às demandas do consumidor por produtos livres de desmatamento ilegal.
Fonte: A Granja Total Agro - por ADILSON.RODRIGUES
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